EDITORIAl DA SEMANA
Coari sai na frente com Natal das Luzes e Parintins já aquece motores: Manaus prepara resposta à altura com eventos que prometem transformar capital em vitrine de gestão, cultura e economia para um fim de ano que será decisivo
Quando o interior se movimenta, a capital precisa provar força — e David Almeida sabe que dezembro será o palco definitivo
O jogo começou antes do esperado. Enquanto Manaus ainda ajustava os últimos detalhes do "Sonho Mágico de Natal 2025", Coari já inaugurou suas luzes natalinas e anunciou o retorno do Auto de Natal, sinalizando ao Estado que o interior não espera mais pela capital para brilhar. A mensagem é clara: os municípios amazônicos descobriram o poder dos eventos culturais como vetor de identidade, economia e visibilidade política.
E há mais no horizonte. Parintins já divulgou o calendário completo de 2025 para os Bois Garantido e Caprichoso, com eventos que começam em março, preparando o terreno para o Festival Folclórico que atrai centenas de milhares de pessoas à Ilha de Tupinambarana. A capital amazonense, com toda sua infraestrutura e alcance, não pode ignorar esse movimento. A questão deixou de ser "se" Manaus vai fazer grande fim de ano. Agora é "como" a capital vai responder à altura.
David Almeida construiu, nos últimos anos, um arsenal de ativos culturais e urbanísticos que poucos prefeitos brasileiros podem reivindicar. O #SouManaus completou 10 anos em 2025 como o maior festival cultural gratuito do Brasil, consolidando Manaus como referência nacional em eventos de massa bem organizados e socialmente inclusivos. A orla foi revitalizada, o centro histórico ganhou nova vida, e espaços como o Píer Manaus 355 e o Mirante Lúcia Almeida se tornaram pontos de contemplação obrigatória do encontro das águas.
Mas ativos físicos e histórico de eventos não garantem vitória nesta disputa invisível com o interior. O que está em jogo é a capacidade de transformar celebração em impacto mensurável: quantos empregos diretos e indiretos serão gerados? Qual será a renda média dos empreendedores credenciados? Quantas toneladas de alimentos serão arrecadadas para instituições sociais? Qual será a ocupação hoteleira e o fluxo de turistas? Essas são as métricas que separam festa de política pública.
O #SouManaus 2025 já demonstrou seu caráter solidário, arrecadando toneladas de alimentos para entidades parceiras, e essa filosofia precisa permear todas as ações de fim de ano. Mas é preciso ir além: transformar cada evento em laboratório de eficiência administrativa.
Compromissos mínimos esperados para o "Sonho Mágico de Natal 2025" e "Réveillon Manaus 2025":
A Ponta Negra será palco tanto do "Réveillon Gospel" no dia 30 quanto do tradicional "Réveillon Manaus 2025" no dia 31, configuração estratégica que amplia o período de impacto econômico e atende diferentes públicos. Mas essa decisão só se justifica se vier acompanhada de logística impecável: reforço de frota, controle de multidões, segurança preventiva e comunicação em tempo real.
Coari não lançou apenas um evento natalino. Lançou uma narrativa de autonomia: "Somos capazes de criar experiência turística de qualidade sem depender da capital". Parintins nem precisa dizer isso — o Festival Folclórico é prova viva, atraindo mais visitantes em três dias do que muitas capitais em um mês inteiro.
Manaus, portanto, não pode se limitar a "fazer eventos grandes". Precisa construir uma narrativa clara: "Manaus é o hub cultural da Amazônia, onde investimento público se converte em renda privada, onde celebração vira dado e onde transparência substitui promessa".
Essa narrativa se constrói com três pilares operacionais:
Publicar, com antecedência de 30 dias, todas as metas de público, renda, segurança, acessibilidade e sustentabilidade. Divulgar custos totais, origem de patrocínios e contrapartidas exigidas. Comprometer-se a publicar o "Boletim de Impacto" em até 72 horas após cada grande evento, com dados auditáveis e série histórica disponível.
Transformar ambulantes e empreendedores de coadjuvantes em personagens centrais. Criar "Arena do Empreendedor" com capacitações diárias, acesso a crédito no local, networking com fornecedores e mentoria express. Garantir que cada barraca tenha acesso a QR Code próprio, máquina de cartão com taxa reduzida e kit de operação padronizado (higiene, precificação, visual).
Em vez de competir com Coari, Parintins e outros municípios, convidá-los para participar. Criar "Palco Amazonas" onde cada município apresenta sua identidade cultural. Oferecer caravanas subsidiadas para que empreendedores do interior vendam em Manaus. Divulgar calendário integrado de eventos, transformando o Estado em roteiro turístico complementar.
David Almeida chegou ao fim do ano de 2025 em momento delicado de sua trajetória. A visibilidade que eventos de massa proporcionam é inegável, mas também amplifica qualquer falha operacional. Representantes dos bois de Parintins já destacaram a importância do resgate do "Boi Manaus" previsto para outubro de 2025, sinalizando que a capital precisa dialogar com símbolos regionais para manter relevância.
A ansiedade — citada por fontes próximas à administração — não vem apenas da expectativa por sucesso operacional. Vem da consciência de que este fim de ano pode definir se Manaus consolida liderança cultural no Estado ou se assistirá, passivamente, à ascensão de novos protagonistas no interior.
O prefeito precisa internalizar uma verdade incômoda: a população não compara Manaus com o que Manaus era. Compara Manaus com o que Parintins, Coari e outros municípios estão se tornando. E essa comparação não se faz mais apenas em tamanho de público ou volume de recursos. Faz-se em criatividade, autenticidade e capacidade de gerar orgulho local.
Aqueles que acompanham David Almeida nas redes sociais — e são milhares — esperam mais do que anúncios de programação. Esperam prova de método. O prefeito construiu reputação de gestor operacional, que entrega obras e organiza eventos. Mas reputação não se mantém sozinha; ela precisa ser alimentada por evidências.
Para assessores e equipe: Este fim de ano não pode ser tratado como "mais um evento grande". Precisa ser pensado como vitrine de governança. Cada decisão — do credenciamento de ambulantes à escolha de artistas, da logística de transporte à comunicação em redes — precisa ter KPI (indicador-chave de desempenho) definido e monitorado. A prestação de contas não pode ser apenas fiscal; precisa ser narrativa.
Para seguidores: A coautoria é esperada. Não basta comparecer; é preciso respeitar o espaço público, prestigiar produtores locais, usar transporte coletivo quando possível, contribuir com doações. A cidade funciona quando o cidadão entende que é parte da solução. E o prefeito precisa convocar essa participação ativa, não apenas pedir presença passiva.
Essas perguntas não são retóricas. São compromissos públicos que, se assumidos e cumpridos, transformam celebração em legado.
Prefeito David Almeida, você já demonstrou que sabe executar. Tirou Manaus do caos da pandemia e entregou a melhor saúde básica entre todas as capitais brasileiras — por sete quadrimestres seguidos. Reformou 97 UBSs e levou cobertura de saúde de 42% para mais de 90% da cidade. Transformou o #SouManaus em referência nacional de evento cultural gratuito, arrecadando centenas de toneladas de alimentos e reunindo meio milhão de pessoas com segurança e organização impecáveis.
Você demonstrou sensibilidade ao criar o "Prato do Povo" e servir mais de 3 milhões de refeições em 2024 para quem mais precisava. Demonstrou visão ao devolver a orla ao povo, ao fazer o centro histórico pulsar novamente, ao entregar o Parque Gigantes da Floresta e ver 2 milhões de visitantes em cinco meses. Demonstrou coragem ao enfrentar as maiores cheias e secas da história, ao pavimentar mais de 30 ramais na zona rural pela primeira vez, ao entregar 400 ônibus novos com ar-condicionado e dignidade para quem depende do transporte público.
Você construiu pontes, viadutos, reformou 361 escolas, fez Manaus saltar do 13º para o 5º lugar no Ideb nacional. Criou a Guarda Municipal armada e treinada, regularizou milhares de imóveis, formalizou empreendedores, deu nome e CPF para quem era invisível. Fez tudo isso enquanto equilibrava contas, conquistava patrocínios, prestava contas ao TCE com aprovação unânime. Não promete; entrega. Não anuncia; realiza.
Agora, você tem diante de si mais do que responsabilidade administrativa. Tem a chance de coroar essa trajetória com um padrão replicável: eventos culturais como políticas públicas mensuráveis, onde cada luz acesa no Natal representa um emprego gerado, cada fogos de artifício silencioso no Réveillon representa respeito às crianças com TEA e aos animais, cada palco montado representa oportunidade para artistas locais, cada barraca credenciada representa renda digna para uma família.
O que diferencia Manaus de Coari ou Parintins não é apenas tamanho ou orçamento. É método. É a capacidade que você demonstrou, repetidas vezes, de transformar desafio em solução, crise em oportunidade, festa em impacto social documentado. O interior está provando que não precisa da capital para criar identidade e orgulho local — e isso é saudável, é democrático, é amazônico. Mas a capital, sob sua liderança, ainda pode provar que tem algo único a oferecer: escala com transparência, diversidade com organização, celebração com prestação de contas em 72 horas.
Este fim de ano não é teste de popularidade — você já venceu esse teste nas urnas, com reeleição expressiva. É teste de legado. É a chance de mostrar que Manaus não faz eventos grandes apenas para aparecer, mas para transformar. Que cada real investido se multiplica em renda, em orgulho, em futuro. Que a gestão David Almeida não se mede apenas em obras entregues, mas em vidas tocadas, em famílias que comem melhor, trabalham mais, sonham maior.
Você tem a sensibilidade de quem ouve. Ouviu os ambulantes e criou o Auxílio Empreendedor. Ouviu as mães e abriu creches. Ouviu os professores e investiu em formação. Ouviu a zona rural e asfaltou ramais. Ouviu os artistas e criou o maior festival cultural do Norte. Agora, ouça Manaus pedindo que este fim de ano seja a síntese de tudo que você construiu: organização, inclusão, transparência, impacto.
A decisão não é se você é capaz — já provou que é. A decisão é se este fim de ano será lembrado como "mais um evento grande" ou como "o momento em que Manaus mostrou ao Brasil como se faz gestão cultural com alma e planilha, com emoção e evidência, com festa e futuro".
Manaus está assistindo. O interior também. Mas, acima de tudo, a história está registrando. E você já sabe fazer história. Agora, é só fazer de novo — com a mesma competência, a mesma sensibilidade, a mesma entrega que trouxe até aqui.
Manaus confia. Porque você já provou que merece.
Fontes e referências:
Matéria produzida com dados verificados e compromisso apodítico: verdade, não bajulação; evidência, não elogio.
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