Entre Tapas e Beijos, a Casa Caiu: O Protagonismo de Eduardo Braga Abalado na Luta pela BR-319 e a Ascensão das Mulheres no Amazonas
Adão Gomes - Jornalista
A audiência da Comissão de Infraestrutura do Senado em 27 de maio de 2025 deveria ter sido o palco para o senador Eduardo Braga (MDB-AM) consolidar seu protagonismo na luta pelo licenciamento ambiental da BR-319, a rodovia que conecta Porto Velho (RO) a Manaus (AM) e representa um sonho de integração para o Amazonas. Em vez disso, o evento descambou para um espetáculo de desrespeito e machismo, com ataques misóginos à ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, que abalaram profundamente a imagem de liderança de Braga.
Senadores como Plínio Valério (PSDB-AM) e Marcos Rogério (PL-RO) deslegitimaram a autoridade de Marina, implodindo as chances de Braga sair como o grande defensor da rodovia. O que era para ser um momento de avanço para a infraestrutura do Amazonas virou um pesadelo político, com Braga sentindo a “pancada política”, segundo fontes próximas, e vendo seu protagonismo escorrer pelo ralo. Enquanto isso, figuras como o Capitão Alberto Neto (PL-AM) e a pré-candidata Maria do Carmo Seffair, empresária liberal e reitora da Fametro, emergem no vácuo político, com as mulheres do Amazonas se unindo para capitalizar o desastre e redefinir o jogo político regional. Entre tapas e beijos, a casa caiu para Braga, e agora a pergunta é: como recuperar o que foi perdido?
O Desastre na Audiência: Marina Silva Humilhada, Braga Neutralizado
A sessão no Senado, destinada a discutir o licenciamento ambiental da BR-319, a criação de unidades de conservação marítimas na Margem Equatorial e a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, foi marcada por um ambiente de hostilidade que extrapolou o debate técnico. Plínio Valério abriu o ataque com uma declaração abertamente misógina: “Ministra Marina, que bom reencontrá-la. E, ao olhar para a senhora, eu estou vendo uma ministra, eu não estou falando com uma mulher. Porque a mulher merece respeito; a ministra, não. Por isso que eu quero separar.” A fala, que separou a identidade de Marina como mulher de sua função oficial, foi um golpe baixo que ecoou como violência política de gênero. Marina exigiu retratação, mas Plínio, com sua arrogância característica, recusou-se, levando a ministra a abandonar a sessão em um ato de dignidade.
Marcos Rogério, presidente da comissão, agravou a situação ao interromper Marina constantemente, cortar seu microfone e mandar que ela “se pusesse no seu lugar” — uma frase carregada de machismo que Marina rebateu com firmeza: “O senhor gostaria que eu fosse uma mulher submissa. Eu não sou.” O episódio, amplamente repercutido em postagens no X, foi classificado como “um show de misoginia” por internautas e lideranças como a primeira-dama Janja Lula da Silva, que chamou os senadores de “um bando de misóginos”. Ministras como Gleisi Hoffmann, Márcia Lopes, Anielle Franco, Margareth Menezes e Esther Dweck reforçaram o coro, condenando o machismo e exaltando a trajetória de Marina como referência global na defesa ambiental.
Nesse cenário, Eduardo Braga, que deveria brilhar como o articulador da pavimentação da BR-319, ficou completamente apagado. Sua estratégia de pressionar Marina para acelerar o licenciamento ambiental, um tema caro ao Amazonas, foi ofuscada pelo circo de desrespeito promovido por seus pares. Fontes próximas ao senador, sob anonimato, revelam que ele “sentiu a pancada política” profundamente, percebendo que seu protagonismo como líder regional foi gravemente abalado. A opinião pública, tanto no Amazonas quanto nacionalmente, reagiu com indignação às agressões contra Marina, com postagens no X destacando a força da ministra ao abandonar a sessão e culpando a truculência dos senadores pela estagnação da rodovia. Para Braga, o resultado foi devastador: em vez de sair como o herói da BR-319, tornou-se um coadjuvante em um debate que desmoralizou sua própria base aliada.
Omar Aziz: Ríspido, mas Não Deselegante
O senador Omar Aziz (PSD-AM), embora incisivo, manteve um tom diferente. Ele criticou Marina por supostamente “atrapalhar o desenvolvimento do país” com a demora no licenciamento da BR-319, mas não cruzou a linha do desrespeito pessoal ou de gênero. “Não penso nas próximas eleições,” retrucou Marina, mantendo a compostura diante da pressão. A postura de Aziz, embora dura, foi vista como parte do jogo político, sem o veneno misógino de Plínio e Marcos Rogério. Ainda assim, sua crítica contribuiu para o clima de tensão que enterrou as chances de um diálogo produtivo, reforçando a percepção de que a bancada amazonense, incluindo Braga, não conseguiu articular uma estratégia eficaz para avançar a pauta da rodovia.
A BR-319 na Estaca Zero: O Protagonismo de Braga Abalado
A BR-319, essencial para conectar o Amazonas ao resto do Brasil e impulsionar o desenvolvimento regional, tornou-se o símbolo do abalo político sofrido por Eduardo Braga. Ex-governador e responsável pela construção da ponte Phellip Daou, que liga Manaus a Iranduba, Manacapuru e Novo Airão, Braga apostava na rodovia para reforçar sua imagem de líder comprometido com o progresso. No entanto, o desastre da audiência jogou seus esforços na estaca zero. A opinião pública no Amazonas, refletida em postagens no X, culpa a truculência dos senadores pela estagnação do projeto, com comentários como: “Marina foi humilhada, e a BR-319 continua no papel. Quem perde é o Amazonas.” A incapacidade de Braga de conter os ataques de seus aliados e manter o foco no licenciamento ambiental expôs sua fragilidade política, permitindo que adversários capitalizem o vácuo deixado por seu protagonismo abalado.
A Ascensão das Mulheres e a Nova Onda Política no Amazonas
Enquanto Braga tenta recuperar o terreno perdido, o Capitão Alberto Neto (PL-AM) e a pré-candidata Maria do Carmo Seffair, empresária liberal e reitora da Fametro, emergem como figuras prontas para tomar o protagonismo. Fontes locais indicam que Alberto Neto, alinhado à direita bolsonarista, planeja “partir para cima” e usar a BR-319 como bandeira eleitoral, explorando o desgaste de Braga.
Diferentemente do que se poderia supor, Maria do Carmo Seffair não tem histórico de cargos no executivo municipal ou estadual. Sua trajetória como reitora da Fametro e empresária de visão liberal a posiciona como uma liderança inovadora, capaz de dialogar com diferentes setores e unir desenvolvimento econômico a responsabilidade social. Ela está capitalizando o sentimento de revolta contra o machismo exibido no Senado, alinhando-se à luta das mulheres amazonenses inspiradas pela resistência de Marina Silva. Movimentos como “Mulheres do Amazonas” ganham tração nas redes sociais, com postagens no X destacando Maria do Carmo como uma alternativa à “velha política” representada por Braga: “Chega de homens que acham que podem mandar em tudo. Maria do Carmo é a voz que precisamos.” Sua postura renovadora a coloca como uma figura que desafia a narrativa tradicional, atraindo apoio de eleitores cansados da estagnação política.
Entre Tapas e Beijos, a Casa Caiu
O episódio no Senado foi um tapa na cara da política amazonense, expondo a fragilidade de Eduardo Braga e a incapacidade da bancada regional de avançar pautas cruciais como a BR-319. O que deveria ser um momento de “beijos” — com Braga colhendo os louros de sua luta pela rodovia — virou um pesadelo político. A casa caiu, e agora o senador enfrenta o desafio de recuperar sua credibilidade. A revolta nacional contra os ataques a Marina Silva, somada à indignação local com a estagnação da BR-319, criou um terreno fértil para novos atores políticos. O Capitão Alberto Neto pode surfar na onda conservadora, mas é Maria do Carmo Seffair, com sua liderança acadêmica e visão empresarial, quem desponta como a grande promessa, representando uma nova geração de mulheres que não aceitam submissão e estão prontas para redefinir o futuro do Amazonas.
Como Recuperar? Um Caminho Árduo para Braga
Para Eduardo Braga, o caminho da recuperação é tortuoso. Ele precisará se desvencilhar da sombra do machismo de seus pares, reconstruir pontes com Marina Silva e o governo Lula, e, acima de tudo, convencer o eleitorado amazonense de que ainda é capaz de entregar resultados. Um mea-culpa público, com críticas explícitas a Plínio Valério e Marcos Rogério, poderia ser um primeiro passo, mas sua omissão durante a audiência pesa contra ele. Além disso, Braga terá que enfrentar a concorrência de Alberto Neto, que já se articula para tomar a bandeira da BR-319, e de Maria do Carmo Seffair, cuja trajetória como reitora e empresária a posiciona como uma renovação na política local. A pavimentação da rodovia, que poderia ter sido seu legado, agora parece mais distante do que nunca, e o Amazonas paga o preço de uma política marcada por tapas, sem espaço para beijos.
Fontes:
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Postagens no X sobre a audiência e reações públicas, capturando o sentimento de indignação no Amazonas e no Brasil.
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Informações sobre a trajetória de Eduardo Braga e sua luta pela BR-319.
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Fontes locais próximas ao senador, sob anonimato, confirmando o impacto político do episódio.
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Informações sobre Maria do Carmo Seffair como empresária liberal e reitora da Fametro, sem experiência em cargos executivos municipais ou estaduais.