Crise de Comunicação: PIX Viraliza e Deixa Reforma Tributária virando pó, na Sombra do Maior Imposto do Mundo
Adão Gomes- Jornalista
A reforma tributária, tida como uma das principais pautas do governo, foi completamente ofuscada por uma série de vídeos virais, especialmente os de Nikolas Ferreira. Um de seus vídeos já ultrapassou 319 milhões de visualizações, enquanto outro supera 125 milhões, criando um impacto orgânico massivo. Esses conteúdos, amplamente compartilhados nas redes sociais, trouxeram à tona graves falhas na comunicação do governo e desencadearam efeitos significativos. Apesar do grande trabalho dos Senadores do Amazonas, Eduardo Braga e Omar Aziz, o texto sancionado ontem pelo Presidente Lula virou pó no cenário midiático.
**O PODER DO ALCANCE DIGITAL**
Com uma taxa de compartilhamento de 0,0100%, o vídeo de 319 milhões de visualizações gerou cerca de 3,19 milhões de compartilhamentos. Estima-se que cada compartilhamento tenha alcançado, em média, 200 perfis, resultando em um impacto acumulado de 638 milhões de usuários. Esse movimento demonstra o potencial transformador de uma mensagem viral, repetindo-se de forma massiva e redundante na mente do eleitor brasileiro, entrando profundamente na percepção pública.
Os efeitos são claros:
- **Erro de Comunicação do Governo**: A ausência de uma narrativa forte sobre a reforma permitiu que as críticas se propagassem sem resistência.
- **Reforço da Imagem Negativa**: Cada compartilhamento consolidou a percepção de que a reforma traz mais ônus do que benefícios.
- **Desvio do Foco Principal**: O debate público foi sequestrado pelas críticas, enquanto os possíveis pontos positivos da reforma permaneceram invisíveis.
**O PESO DO IVA E SUAS CONSEQUÊNCIAS**
O principal alvo das críticas é o IVA (Imposto sobre Valor Agregado) de 28%, apontado como o maior do mundo. De acordo com a imprensa nacional, o Brasil possui o maior IVA do mundo, que no futuro deverá ser ajustado para 26,50% conforme legislação. Para empresas, isso implica em desafios financeiros significativos. Para atingir o capital líquido desejado, os preços deverão ser ajustados dividindo-se o valor final por 0,72 (100% menos 28%).
Por exemplo, se um empreendedor deseja receber R$ 10.000,00 líquidos após pagar o IVA, ele precisa calcular o preço de venda da seguinte forma:
- Subtraímos o percentual do IVA de 100%, ou seja, 100 - 28 = 72.
- Dividimos esse resultado por 100, obtendo 0,72.
- Dividimos o valor líquido desejado (R$ 10.000,00) por 0,72: 10.000 / 0,72 = R$ 13.888,89.
Assim, para garantir os R$ 10.000,00 líquidos, o produto ou serviço precisa ser vendido por R$ 13.888,89. Quando a nota fiscal for emitida, o IVA de 28% será aplicado sobre esse valor, resultando em um recolhimento de R$ 3.888,89. Esse exemplo didático evidencia como o imposto impacta diretamente a precificação e pode onerar tanto o produtor quanto o consumidor final. Do valor da nota fiscal, ou compra do consumidor, o Governo ficará com 38,88% e o empresário com 61,12%.
Tal cálculo deixa claro o peso significativo do IVA e como ele pode reduzir a competitividade econômica de produtos e serviços no mercado. Sem dúvida, é um fator que exige uma análise criteriosa por parte do empresário e da sociedade em geral.
**DESAFIOS GOVERNAMENTAIS**
A viralidade dos vídeos não apenas desestabilizou a comunicação governamental, mas também reforçou uma coleta generalizada à reforma. Sem uma estratégia eficaz para rebater as críticas, o governo permitiu que o público assimilasse a reforma como prejudicial, agravando ainda mais sua imagem.
A solução passa por uma comunicação mais assertiva, que reforça os benefícios da reforma e rebata as desinformações. É fundamental reconquistar a confiança do público e recuperar a narrativa sobre o impacto positivo das mudanças propostas.
**CONCLUSÃO**
O caso dos vídeos de Nikolas Ferreira ensina como a comunicação digital pode moldar a percepção pública. Sem uma resposta eficiente, o governo viu uma de suas pautas mais relevantes ser completamente obscura. Para mudar esse cenário, será preciso mais do que ajustes técnicos: será essencial reconstruir a conexão com a sociedade e comunicar, de forma clara e persuasiva, os reais benefícios da reforma tributária.
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