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Alunos da rede municipal de ensino apresentaram a peça Cobra Honorato: o nascimento dos rios Tocantins e Araguaia, nesta terça-feira, 14, na Biblioteca Orlando Lima Lobo. A apresentação ocorreu no âmbito do projeto Canoeiros e Canoeiras das Palavras, coordenado pela professora Socorro Camelo.
A peça foi baseada no conto Cobra Honorato, de Glecia Sousa, que tem como enredo a origem dos rios Tocantins e Araguaia, mostrando uma nova visão sobre a lenda a partir de relatos que ouviu e que foram a base para a escrita do conto.
“A gente escreve para que o leitor, de fato, se aproprie dessa leitura e se encontre nela. E quando a gente vê um trabalho como esse, de uma outra pessoa transformar esse conto em uma performance e trazer um pouco do que é a história em forma dramática, é muito importante para a gente enquanto autor da obra”, destaca Glecia Sousa, que também é coordenadora da biblioteca.
Segundo a coordenadora do projeto, Socorro Camelo, para que o espetáculo aconteça, três etapas são necessárias: a escolha e leitura da obra a ser retratada; montagem do roteiro; e o ateliê cênico, onde ocorrem a construção dos personagens, cenários e figurinos. Para ela, é essencial o engajamento dos alunos e constatar o quanto a arte pode mudar realidades.
“A gente quer transformar vidas através das artes, das artes cênicas e da literatura. E vê-los assim, apresentando tão lindamente, tão centrados, vencendo a timidez, vencendo o nervosismo, saindo do seu habitat para vivenciar tudo isso, foi uma sensação de que é possível”, ressalta Socorro Camelo.
A escolha da obra segue a lógica de potencializar a literatura produzida em Marabá.
Entre os alunos que apresentaram a peça, estão representantes das Escolas Acy Barros, Santa Maria, do PA 21, e Santa Rita, do PA Jussara. Os alunos que assistiram à peça eram da Escola Nossa Senhora de Fátima, do São Félix II.
Além das escolas citadas, o projeto realizou oficinas nas Escolas Francisco Sousa Ramos, no Novo Horizonte; e Adelaide Molinari, na Vila Sororó, onde o projeto iniciou.
Samilly Soares tem 15 anos e é estudante da Escola Acy Barros. Ela relata sua experiência com o projeto e a apresentação da qual fez parte.
“Quando eu fiquei sabendo, eu fiquei muito empolgada porque eu tenho muita vergonha e a gente se solta mais. A experiência que eu vivo lá dentro é maravilhosa. Eu sou muito nervosa, mas deu tudo certo”, comenta.
A mesma percepção é compartilhada pelo estudante Vinicius Gomes, de 12 anos, da Escola Santa Rita, do PA Jussara.
“Eu gosto muito. Eu me sinto feliz. O teatro me ajudou em muitas coisas, ver como é que é na frente de um monte de pessoas, que eu estava com muita vergonha, mas quando eu fiquei na frente eu percebi que é normal. Então, vale a pena e eu acho muito bom”, afirma.
O Projeto Teatral Canoeiros e Canoeiras das Palavras surgiu em 2021 na Escola Irmã Adelaide Molinari, na Vila Sororó. No ano seguinte, venceu o 23º Prêmio Nacional Arte na Escola Cidadã, na categoria Fundamental I, com a Construção Cênica: “O menino que ouvia estrelas e se sonhava canoeiro”, baseada na obra do escritor e poeta paraense, Juraci Siqueira.
Segundo a professora Socorro Camelo, o projeto tem como objetivo fomentar a leitura por meio do teatro. São oficinas de jogos teatrais, contações de histórias, aulas de teatro e outras atividades que fazem parte do Canoeiros e Canoeiras das Palavras. A base da iniciativa, com atividades fixas de teatro e montagens cênicas é a Biblioteca Comunitária Glauber Sousa, no KM 16, Vila Belo Vale. Apesar disso, o projeto atende escolas nas zonas rural e urbana e conta com três espetáculos e diversas oficinas realizadas.
“O nosso intuito é alcançar esses espaços, mostrar que a escola é um espaço de fazer teatro, de pensar teatro e potencializar essa arte que é tão necessária dentro do campo dessa aprendizagem”, reitera Socorro Camelo.
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Sara Lopes
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