A indústria da música, que movimenta bilhões de dólares em todo o mundo, ganha um novo recurso para artistas e bandas que buscam desvendar os desafios e oportunidades desse mercado com o lançamento do livro "Negócios da Música: um guia descomplicado para artistas e bandas", escrito por Alexandre Azeredo e Nichollas Alem e publicado pela Editora Dialética.
Alexandre Azeredo é consultor de estratégia e criatividade com pós-graduação em Music Business pela Universidade da Califórnia (UCLA). Já Nichollas Alem é advogado especializado em direito do entretenimento, mestre e doutor em direito econômico e presidente do Instituto de Direito, Economia Criativa e Artes. A obra surge em um momento em que, na visão dos autores, a profissionalização e o entendimento das dinâmicas do setor se tornam cada vez mais essenciais.
Para Azeredo, a obra é um manual abrangente, que busca desvendar os segredos do mercado musical, oferecendo ferramentas para que artistas independentes e bandas possam gerenciar suas carreiras de forma mais eficiente e profissional.
O livro é estruturado em sete capítulos principais, que cobrem desde a composição e gravação a performance, marca e imagem, leis, patrocínios e outras fontes de renda. “No total, são 35 formas diferentes de ganhar dinheiro com música, apresentadas de maneira acessível”, diz o advogado.
Segundo Azeredo, a obra não se limita a apresentar uma fórmula do sucesso, mas trazer o “mapa do jogo”: “O mercado da música ainda tem poucos cursos e livros sobre o assunto, e muitos artistas navegam pela carreira sem entender o que estão fazendo. A ideia foi abrir a caixa preta”, articula.
De acordo com indicativos do relatório “Mercado Brasileiro de Música 2024” da Pro-Música, entidade que representa as principais gravadoras e produtoras fonográficas do país, o mercado fonográfico cresceu 21,7% no Brasil em 2024, em comparação a 2023. Com isso, o segmento alcançou um faturamento de R$3,486 bilhões no período, sendo que 88% dessa receita é proveniente do streaming.
Além de orientações, o livro “Negócios da Música” traz um panorama histórico da indústria musical, curiosidades, cases de sucesso, mini entrevistas com nomes do mercado, como Rafael Rossatto (empresário de IZA e Di Ferrero), Thedy Corrêa (vocalista da banda Nenhum de Nós) e Arthur Fitzgibon (CEO da OneRPM), além de dicas de livros, filmes e documentários que complementam o aprendizado.
Direitos autorais, shows, marcas e venda de catálogos: como se proteger e monetizar?
Para Alem, uma das características do livro é a abordagem detalhada de temas cruciais para a carreira de qualquer artista, como direitos autorais, gestão de shows, construção de marca e até a venda de catálogos. “Deixamos claro como cada detalhe funciona: por onde começar, as lógicas do mercado, onde está o dinheiro, quem paga, como se proteger e quais são seus direitos e deveres", destaca.
Em um momento em que a venda de catálogos ganha destaque global, com artistas como Bruce Springsteen e Bob Dylan negociando seus direitos por centenas de milhões de dólares, o livro também aborda as últimas tendências e discussões sobre o tema, incluindo o impacto de novas tecnologias como NFTs e o streaming.
O faturamento de música física tem apresentado uma queda contínua, ao passo em que a aderência às plataformas de streaming on-line crescem em todo o mundo. O Spotify, por exemplo, registrou 263 milhões de utilizadores pagos no último trimestre de 2024, de acordo com dados compartilhados pela Statista.
Tendências do mercado musical e a importância da profissionalização
Os autores destacam que a indústria da música vive uma era de consolidação de novas fontes de renda, impulsionada pelo crescimento do streaming e pela retomada dos shows e festivais pós-pandemia. “A música está cada vez mais interligada com outras indústrias, como cinema, publicidade e livros, o que torna o cenário mais complexo e cheio de oportunidades”, diz Azeredo.
Aliás, a nível mundial, a música ao vivo movimentou um mercado de US$ 12,74 bilhões (R$ 72,136 bilhões) em 2024 e deve chegar a US$ 19,26 bilhões (R$109,054) até 2032, crescendo a uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de cerca de 5,3% durante o período de previsão, como mostra uma publicação da Business Research Insights.
“A tecnologia trouxe democratização, mas também exige que os artistas entendam melhor o negócio em que estão inseridos”, afirma Alem. "Nosso livro tem como premissa entregar ao leitor as ferramentas para que ele possa se profissionalizar e aproveitar as oportunidades que o mercado oferece”.
Networking e parcerias: a indústria das pessoas
Outro ponto crucial abordado no livro é a importância do networking e das parcerias na indústria da música. “Essa é uma indústria de pessoas; pessoas que escutam música para se divertir, pessoas que são artistas, pessoas apaixonadas que trabalham nos bastidores”, ressalta Azeredo. “Num mundo tão pessoal, network é essencial”, articula.
O mercado fonográfico brasileiro: potencial e desafios
O livro “Negócios da Música” também traz uma análise do mercado fonográfico brasileiro, que apresenta altas e projeções positivas. A Economia Criativa, da qual a música faz parte, é uma das áreas que mais contribuem para o PIB do país.
No entanto, os autores alertam que o Brasil ainda não aproveita todo o potencial da música como soft power, ao contrário de países como Estados Unidos e Coreia do Sul. “Eles não vendem só música, vendem produtos, tecnologia, estética, cultura e estilo de vida de um país”, explica Alem. “Afinal, a indústria da música não vende música, vende identidade e pertencimento”, diz.
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