Eu sempre gostei muito de escrever e como também sempre fui uma pessoa muito emotiva, esse fator me impulsionava a colocar no papel tudo aquilo o que eu sentia. Em especial, no primeiro semestre de 2021, houve um período de muita produção de material escrito, como poemas e contos, gêneros textuais os quais sempre tive muito apreço.
Meus textos, em sua maioria, surgem como uma única inspiração, um único insight. Nunca fiquei pensando por muito tempo no enredo ou no tipo de gênero e quando forçadamente tentei fazer dessa forma, não deu certo. Os poemas então, apareciam em minha mente, e com uma caneta em mãos, eu o escrevia do início ao fim sem parar. E tudo acontecia exatamente dessa maneira. Foi assim que eu escrevi o poema “Inverno Torturador”. Ainda mantenho sigilo sobre alguns detalhes da história mas basta dizer que ele foi todo baseado em fatos reais.
Depois de escrevê-lo, achei tão profundo, tão poético... Ele transmitia a dor e o sofrimento real que eu gostaria que ele transmitisse, mas ao mesmo tempo em que ele era real era também abstrato pela forma como foi escrito pois deixava uma certa margem para várias interpretações. E a arte é exatamente assim: não é algo fixo, explícito (até pode ser, dependendo do objetivo), o leitor é quem vai dar o seu próprio rumo à obra do artista.
Como eu disse, o Inverno Torturador, era uma obra tão profunda, sofrida e poética que eu pensei: esse poema não pode ser apenas lido, ele precisa ser visto! Isso porque ele carregava uma mensagem que transcendia as palavras em um papel. Foi então que decidi procurar alguém para interpretá-lo.
Eu conhecia uma moça que estava ligada às artes. No Instagram dela, vi superficialmente que a mesma já tinha feito alguns pequenos trabalhos e analisando também o seu perfil de vida, achei que ela seria uma boa atriz para interpretar o meu poema. Falei com ela algumas vezes por direct no Instagram e ela ficou de falar comigo no Whatsapp para desenvolvermos toda a ideia e enfim gravarmos.
No início eu não pensava em algo profissional com trilha sonora ou edição, pós produção etc. A estética e a imagem valeriam mais do que as palavras, por isso eu precisava de uma ótima e surpreendente interpretação da atriz.
Sem retorno dessa moça, pesquisei o Instagram da UEA porque nessa universidade há um curso de Teatro e devido a minha aproxição pois eu sou ex aluna de lá.
Cheguei a falar com o adm no direct e eles colocaram uma mensagem na timeline sobre alguém que buscava uma pessoa que pudesse gravar um vídeo interpretando um poema. Uma moça me enviou mensagem se interessando pelo trabalho. Conversamos mas não houve uma continuação. Um dia depois, alguém me adiciona no Instagram e envia mensagem se interessando na gravação do poema. Era Akilles Anderson, ator, cantor e aluno de teatro da UEA. Quando eu vi a foto de Akilles, senti uma explosão no coração e mentalmente gritei: É ele!
Akilles, apesar de muito jovem (19 anos), era um excelente cantor e ator. Ele era exatamente o que eu precisava! Ele tinha uma estética que intrigava e fascinava, uma aura muito energética, meio mística e poderosa. Eu não precisei ver muito material artístico dele para ter a certeza que ele interpretaria aquele poema com toda a potência que ele deveria ter.
Conversamos pelo Instagram sobre o poema e o objetivo da gravação. Eu já tinha em mente o roteiro e quem gravaria, mas Akilles disse que conhecia alguém que já havia feito alguns trabalhos no audiovisual e que essa pessoa era realmente muito boa no que fazia e eu falei que tudo bem, ele poderia seguir conosco nesse trabalho. Era Murilo Barbosa.
Um dia depois lá estávamos nos fazendo uma video chamada e logo em seguida já nos reunimos na casa do Murilo para elaboração do roteiro (sua esposa Luisa Fernanda deu início a sua contribuição no filme a partir desse momento) e um dia depois já estávamos gravando! Foi tudo intenso e muito profissional. Tínhamos poucos recursos, gravamos durante a pandemia, em um tempo recorde e no estilo “guerrilha” e produzimos um material profundo, poético, real e ao mesmo tempo abstrato...
O FILME
Inverno Torturador é um curta metragem independente gravado em abril de 2021 e lançado em maio do mesmo ano na plataforma do Youtube. O filme traz a temática do abuso sexual, o qual teve seu índice elevado durante a pandemia de covid19, e serve de alerta para toda a população sobre a realidade que acontece principalmente dentro das casas. Realidade a qual as pessoas parecem fingir que não existe.
FICHA TÉCNICA:
Direção: Flávia Redman
Direção de fotografia: Murilo Barbosa
Assistente de fotografia: Luisa Fernanda
Ator principal: Akilles Anderson
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