Em Belém, cada vida que chega é recebida com cuidado e acolhimento

Em Belém, vidas florescem todos os dias. Elas chegam pequenas, pulsantes, trazendo consigo a promessa de futuros inteiros. E, quando os primeiros sinais da gestação surgem, há uma rede pública pronta para acolher, orientar e cuidar. NesteDia das Mães, a Prefeitura de Belém presta homenagem às mulheres que vivenciam a maternidade com o apoio doSistema Único de Saúde(SUS) — mães que geram, mães que cuidam, mães que seguem em muitas jornadas.
 

Cuidar de quem cuida
NaUnidade Básica de Saúde (UBS) da Providência, histórias se entrelaçam em consultas, exames e conversas sinceras. É onde Lorena Ferreira, 26 anos, grávida de seis meses do pequeno Natan, encontrou um acompanhamento mais atento do que o que esperava no plano de saúde.
“Tenho acompanhamento com enfermeira, médico, nutricionista… Faço os exames aqui. Está sendo muito melhor do que imaginei. É meu primeiro Dia das Mães com o bebê ainda na barriga, e é emocionante viver esse vínculo se formando”, conta, com brilho nos olhos.
Ela não está sozinha. Como Lorena, centenas de gestantes estão sendo acompanhadas pela rede municipal de saúde com um novo olhar da nova gestão, mais humano e organizado, graças aoprojeto Jornada da Gestante, idealizado peloGrupo de Trabalho Materno da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma).A iniciativa estabelece o fluxo de atendimento desde o início da gravidez até o parto, garantindo que cada mulher tenha acesso à maternidade adequada ao seu perfil — e sem peregrinação em busca de assistência na hora do parto.

Linha que conduz e protege
Na prática, funciona assim: a mulher descobre a gravidez, inicia o pré-natal na unidade de saúde, e a equipe já providencia os exames, a agenda de consultas e, agora, também avinculação à maternidade,conforme a data provável do parto. "É uma tranquilidade imensa saber que, quando chegar a hora, já sei para onde vou. Isso me deixa mais segura para aproveitar minha gravidez", afirma Caciani Esther, 22 anos, grávida de cinco meses.
As grávidas com uma gestação considerada tranquila, sem riscos graves identificados pelos médicos, são direcionadas amaternidades pactuadas com a Prefeitura — como a Beneficente Portuguesa, Ordem Terceira e Maternidade do Povo.Já oscasos de alto risco seguem para unidades como a Santa Casa ou o Hospital Abelardo Santos.

Depois do parto, o cuidado continua
Mas a assistência oferecida às mães não termina com o parto. Em Belém, o SUS garante acompanhamento no períodopós-parto,com ações de apoio aoaleitamento materno,orientações sobre oscuidados com o bebêe momentos deescuta qualificadapara as mães.
Vitória Carolina, de 17 anos, é uma das mães que vivencia esse cuidado de perto. “A Hadassa Sophia nasceu há quatro meses e eu continuo vindo aqui. Desde o início fui acolhida com carinho. Nunca me julgaram por ser jovem — pelo contrário, me ensinaram tudo com paciência e respeito, até trocar fralda. Aqui eu aprendi a ser a mãe que sou hoje. Aqui eu sei que posso confiar”, compartilha. 

Mães que cuidam de outras mães
Entre as que acolhem, também há quem esteja vivendo a doce espera. A enfermeira Leyvi Libdy, grávida de oito meses, fala com os olhos brilhando sobre o seu duplo papel: o de cuidar e o de ser cuidada pela experiência da maternidade.
“Ser mãe despertou em mim uma nova forma de enxergar o outro. Fiquei mais sensível, mais atenta, mais humana. A gente lida com vidas frágeis, com medos, sonhos e esperanças. Por isso me dedico ainda mais — estudo, me atualizo e dou o meu melhor todos os dias. Quando vejo uma mãe saindo daqui mais confiante, mais tranquila, com um sorriso de alívio... é isso que me dá força para continuar”, lembra. 

Karine Cardoso, técnica da referência técnica em saúde da mulher da Sesma, vive hoje uma jornada dupla que tem transformado sua forma de cuidar. Também grávida, ela experimenta no próprio corpo e coração aquilo que antes acompanhava apenas do outro lado da escuta. “Ser profissional de saúde e, ao mesmo tempo, viver a gestação tem sido uma experiência muito especial. Eu sempre trabalhei orientando outras mulheres, acolhendo dúvidas, medos, alegrias... Mas agora, vivendo isso na pele, meu olhar mudou. A empatia cresceu, o vínculo se aprofundou. É uma troca verdadeira — de mãe para mãe, de mulher para mulher”, acredita. 
Karine iniciou seu pré-natal na rede municipal com apenas cinco semanas de gestação e se diz grata pelo cuidado que tem recebido. “Fui acolhida desde o começo. Consegui fazer todos os exames com antecedência, sempre com atenção e respeito. Isso me fortalece não só como mãe, mas também como profissional. Me dá ainda mais responsabilidade, porque sei como esse cuidado faz diferença na vida de cada mulher”, conta. 

Presença firme, todos os dias
Com a entrega dosnovos cartões da gestante, visitas guiadas às maternidades e uma equipe multidisciplinar que se comunica com agilidade e respeito, a rede municipal de saúde garante mais do que atendimento — garante presença. A enfermeira Leyvi é prova disso: atua diariamente no cuidado com gestantes e puérperas, equilibrando o jaleco e o barrigão com um propósito claro — cuidar de outras mulheres com o mesmo carinho que gostaria de receber.
“Funcionamos de segunda a sexta, das 8h às 17h. E mesmo quando não têm consulta marcada, se alguma mãe precisar de atendimento antes, a porta está aberta. Nosso compromisso é com o cuidado, com a vida, com as mães da nossa cidade”, afirma Leyvi, com um sorriso sereno de quem sabe que saúde pública e maternidade têm tudo a ver com amor.

Neste Dia das Mães, celebramos aquelas que geram, esperam e entregam o melhor de si todos os dias — e também aquelas que, de jaleco, caminham ao lado delas. Porque em Belém, ser mãe é ter uma rede que acolhe desde o primeiro exame até o primeiro passo. É saber que, no compasso do SUS, cada coração que bate é cuidado com amor.