TESE – ADÃO JOSÉ GOMES
Taxa Efetiva Anual: Uma Verdade Que Depende do Caminho
Adão Gomes-Jornalista
Introdução com Números (para quem não gosta de teoria):
Vamos imaginar duas situações reais, com base em operações financeiras de 30 dias:
Exemplo 1: Taxa de Desconto Nominal de 10,00% ao mês
Valor bruto da operação: R$ 10.000,00
Desconto total (taxas, tarifas, encargos): R$ 1.000,00
Valor líquido recebido: R$ 9.000,00
Taxa efetiva = (1.000 ÷ 9.000) × 100 = 11,11%
Agora, se você aplicar a fórmula padrão do mercado para anualizar:
(1+0,1111)12−1≈250,6%a.a.(1 + 0,1111)^{12} - 1 ≈ 250,6\% a.a.
Mas atenção:
Se esse dinheiro ficar parado depois, ou for reinvestido a apenas 4% a.m., o custo real da operação será outro. Ou seja, a taxa anual depende do que você faz com o dinheiro depois da operação.
Exemplo 2: Operação com ganho de 3,8855% em 30 dias
Lucro líquido no período: R$ 388,55 sobre R$ 10.000,00
Taxa efetiva mensal: 3,8855%
Ao aplicar a fórmula de anualização:
(1+0,038855)12−1≈57,94%a.a.(1 + 0,038855)^{12} - 1 ≈ 57,94\% a.a.
Mas e se as taxas de mercado caírem nos meses seguintes?
Ou se você não conseguir reinvestir nas mesmas condições?
Então sua taxa final (sua IRR) não será 57,94% a.a.
Será menor.
Ou, se conseguir aplicar melhor, pode ser maior.
Se ficar igual, será... igual.
Conclusão Simplificada (como o Brasil entende):
A taxa efetiva mensal é real e inquestionável: é o custo no ato.
A taxa anual composta, por outro lado, é apenas uma estimativa teórica, que só se confirma se:
o capital for reaplicado nas mesmas condições,
ao mesmo percentual,
com o mesmo prazo.
Tratar essa projeção como verdade absoluta é um erro técnico e prático.
É ignorar os “gaps” de taxa e de tempo — e colocar decisões financeiras em um cenário ilusório.
Mín. 25° Máx. 34°