Por Adão Gomes - Jornalista
Manaus, abril de 2025. O calor amazônico derrete até termômetro, mas é apenas um leve aquecimento para a fornalha política que transforma a cidade num caldeirão de ambições eleitorais. O tabuleiro das eleições majoritárias de 2026 é um boi-bumbá em ebulição, com pré-candidatos dançando a ciranda do poder como se o Festival de Parintins tivesse chegado mais cedo.
No epicentro desse terremoto político, reina absoluto o prefeito David Almeida – o maestro que orquestra essa sinfonia de acordos e desacordos com a batuta de quem conhece cada partitura da música amazonense. À sua volta gravitam astros menores: Omar Aziz tentando não perder o ritmo, Eduardo Braga jogando xadrez 4D, Wilson Lima equilibrando-se na corda bamba governamental, Coronel Menezes marchando fora do compasso, Sargento Salazar tocando bumbo fora de hora, Marcos Rotta ensaiando passos na sombra, e Fernanda Aryel, a princesa herdeira, aguardando sua entrada triunfal no baile.
E narrando esse espetáculo hilário, temos Sancho Gil, o colunista virtual que transforma a política numa sitcom amazônica. Prepare as guloseimas e acomode-se na poltrona – o show vai começar!
Sancho Gil é mais amazonense que tacacá, mais misterioso que as lendas do boto e mais engraçado que tucupi na camisa branca. Ninguém sabe ao certo quem (ou o quê) ele é – uma pessoa de carne e osso? Um coletivo de humoristas? Uma IA programada para rir da política? Um papagaio de pirata extremamente inteligente? A dúvida só aumenta sua popularidade.
"ATENÇÃO: Acabo de flagrar o Omar Aziz tentando aprender TikTok para conquistar o eleitorado jovem. O homem estava rebolando ao som de 'Voando Pro Pará' enquanto assessores aplaudiam como focas amestradas! Já pensou esse vídeo viral?" – postou Sancho numa terça-feira qualquer, para delírio das redes.
Em outra ocasião memorável, viralizou quando comentou: "Wilson Lima tão preocupado com a cadeira no TCE que encomendou uma almofada ortopédica com seu nome bordado. Enquanto isso, o Amazonas continua no automático como carro em descida. Alguém avisa que governar não é opcional?"
Entre um meme e outro, Sancho Gil distribui suas pérolas: "Eduardo Braga é aquele jogador de pôquer que nunca revela as cartas e toma cafezinho enquanto os outros suam. O homem é tão calculista que até para espirrar pede licença ao Excel primeiro."
Sobre o Coronel Menezes: "O coronel chegou ao baile político com a farda engomada e a postura ereta, mas esqueceu que ninguém marcou continência desde o final de 'Tropa de Elite 2'. Tenta tanto mostrar autoridade que outro dia gritou 'SENTIDO!' numa reunião com empresários e três idosos quase tiveram um infarto."
Mas Sancho Gil guarda seu melhor material para a análise do fenômeno David Almeida: "O prefeito é o novo rei do streaming político amazônico – enquanto uns fazem live, ele produz série completa com drama, comédia e suspense. Se Hollywood conhecesse David, já tinha contratado para protagonizar 'O Poderoso Chefão da Amazônia: Parte I, II, III e Spin-offs'."
David Almeida não é apenas um político – é uma plataforma completa de entretenimento político. Reeleito em 2024 com impressionantes 54,59% dos votos, ele faz Jô Soares parecer amador na arte de conversar com todos os lados. Quando perguntado sobre alinhamentos nacionais, ele respondeu com a sagacidade de quem vende ar-condicionado no deserto: "Bolsonaro e Lula não são candidatos em Manaus. Estamos falando de quem vai cuidar da cidade." E assim, com um sorriso de Mona Lisa, conquistou eleitores de todos os espectros.
Em 2025, enquanto todos os políticos amazônicos usam bússola para se orientar, David navega com GPS de última geração. Sua estratégia de posicionar a filha Fernanda Aryel como possível vice de Omar Aziz é digna de um enxadrista russo. Os assessores de marketing digital contratados pelo prefeito trabalham 25 horas por dia (sim, eles inventaram a hora extra da hora extra) para amplificar sua visibilidade nas redes sociais.
Nos bastidores, David é o político mais cortejado do Amazonas. As pesquisas o colocam em alta, e suas "lives" na internet acumulam mais visualizações que vídeos de gatinhos fofos. Ele transformou a comunicação política amazonense, investindo pesado em conteúdo digital enquanto seus adversários ainda tentam entender como funcionam os Stories do Instagram.
Em fevereiro de 2025, quando surgiram rumores de desentendimento com aliados, ele demonstrou sua maestria diplomática: "Aqueles que estão plantando discórdia vão quebrar a cara, porque eu, o Eduardo e o Omar vamos estar juntos ano que vem." E complementou, com uma piscadela: "A política é como um relacionamento – às vezes brigamos no café da manhã, mas jantamos juntos com champanhe."
Sancho Gil não resistiu: "David tem tanta articulação política que até suas juntas do joelho são biônicas. O homem consegue estar em três lugares ao mesmo tempo – é o único político quântico do Brasil!"
Omar Aziz é aquele tio que tenta usar gírias jovens em reunião de família. Senador e ex-governador, ele é favorito para o governo em 2026, mas enfrenta um pequeno probleminha: em 2022, perdeu feio em Manaus para Coronel Menezes (251.630 contra 544.262 votos). É como ser dono da pizzaria mais popular da cidade, mas sua própria família preferir pedir do concorrente.
Para resolver esse dilema, Omar aposta na aliança com David Almeida como quem aposta no cavalo vencedor do Derby. Em abril, ele reuniu prefeitos do interior numa estratégia que analistas políticos compararam a Suleiman, o Magnífico – mas que Sancho Gil rebatizou como "Churrasco do Desespero". "Omar convidou tanto prefeito do interior que teve que alugar o estádio Vivaldo Lima para o encontro. No cardápio: picanha, farofa e promessas que nem o Papai Noel teria coragem de fazer."
A ideia de ter Fernanda Aryel como vice causa arrepios em seus assessores mais antigos. "É como contratar um DJ de techno para tocar em baile da terceira idade", sussurrou um aliado anônimo. Mas ninguém tem coragem de contrariar David Almeida, o homem que transformou o algoritmo digital em votos reais.
Enquanto isso, Omar tenta desesperadamente modernizar sua imagem. Contratou um "coach de memes" de 19 anos e agora termina todos os discursos com "é sobre isso" e "faz o L do like". Sancho Gil não perdoa: "Omar tentando falar com a juventude é como sua avó tentando explicar blockchain – fofo, mas totalmente perdido."
Eduardo Braga elevou o silêncio estratégico ao nível de arte. Enquanto todos falam, ele observa. Enquanto todos dançam, ele calcula. Enquanto todos postam no X (antigo Twitter), ele medita. É o único político do Brasil que consegue negociar acordos importantes enquanto tira sonecas reparadoras.
Cotado simultaneamente para reeleição ao Senado e para o governo, ele mantém todos em suspense como no último episódio de novela da Globo. Seu grupo pressiona por uma chapa forte contra Wilson Lima, talvez ressuscitando Amazonino Mendes – sim, isso mesmo, o eterno retorno do político mais resiliente da Amazônia.
Apesar de pesquisas mostrarem oscilações em sua popularidade, Braga permanece sereno. "Política é como pesca: se você se mexer demais, espanta os peixes", filosofou em uma rara entrevista, antes de voltar ao seu estado natural de contemplação silenciosa.
Sancho Gil define: "Braga é aquele jogador de pôquer que nunca pisca. Enquanto David e Omar dançam forró eleitoral, ele está calculando probabilidades como um computador quântico disfarçado de gente. Quando finalmente se manifestar, metade dos candidatos já terá desistido por exaustão."
Wilson Lima, atual governador, vive um dilema: continuar no cargo ou aceitar um convite para o TCE e escapar de possíveis problemas judiciais. É como escolher entre continuar na festa ou ir para casa antes que a polícia chegue.
"Wilson no TCE seria como colocar um surfista para arbitrar xadrez – tecnicamente possível, mas altamente improvável", brinca Sancho Gil. O governador tenta manter neutralidade olímpica, como fez em 2024, quando "liberou" aliados para apoiarem quem quisessem – uma manobra que seus críticos chamaram de "abraço de afogado".
O fracasso de Roberto Cidade na prefeitura foi para Wilson como aquele amigo que promete pagar a conta do bar e depois "esquece" a carteira em casa. Alinhado ao PL de Alfredo Nascimento e Coronel Menezes, ele ainda tateia em busca de um vice para 2026.
Durante uma entrevista recente, Wilson foi interrompido por uma ligação misteriosa. Olhou para o celular, empalideceu e murmurou "preciso atender, é do futuro". Sancho Gil não hesitou: "O único que liga para Wilson Lima é o despertador tentando lembrá-lo que ainda é governador."
Coronel Menezes é como aquele tio que chega em todas as reuniões familiares fardado e conta a mesma história da época do quartel. Quase derrotou Omar Aziz em 2022 e, desde então, acredita ser o "Neo" da política amazonense, o escolhido para liderar a direita à vitória.
Com força considerável em Manaus, ele se autoproclama o "soldado de Bolsonaro", mesmo quando o ex-presidente não atende suas ligações. Sua briga com David Almeida, que o chamou de "cavalo de Troia" em 2022, é o elefante na sala que ninguém quer mencionar nos encontros do PL.
Durante um comício improvisado, Menezes declarou: "Vamos transformar Manaus na capital conservadora do Brasil!" Ao que um adolescente gritou do fundo: "Tá ligado que moramos na Amazônia, né?" O coronel fingiu não ouvir e continuou marchando no mesmo lugar.
Sancho Gil provoca: "Menezes é o único candidato que faz continência para o próprio reflexo no espelho. Se política fosse quartel, ele seria general cinco estrelas. Mas como é democracia, continua sendo o eterno coronel em busca de uma batalha."
Sargento Salazar é o equivalente político daquele parente que ninguém quer sentar perto no Natal. Vereador do PL com vocação para polêmicas, ele dispara frases bombásticas como quem distribui balas em aniversário infantil.
Em 17 de abril de 2025, atacou David Almeida nas redes, dizendo que o prefeito está "incomodado" e pode "querer se matar" em quatro anos. A declaração causou o mesmo impacto de um pum em elevador lotado – todos fingiram que não aconteceu, mas ninguém esqueceu.
"Salazar é o único político que consegue transformar um simples 'bom dia' em declaração de guerra", comenta Sancho Gil. "Se a política fosse um restaurante fino, ele seria o cliente que pede ketchup para colocar no filé mignon."
Durante uma sessão na Câmara Municipal, Salazar protagonizou um momento inesquecível ao declarar: "Estou preparado para enfrentar qualquer gigante!" – e nesse exato momento, sua cadeira quebrou, levando-o ao chão. A metáfora foi tão perfeita que até seus opositores aplaudiram. Resumindo: vai agitar em eleições em 2026 e tirar votos de muita gente. Se cuidem!
Se política fosse filme de super-heróis, Marcos Rotta seria aquele figurante que aparece por dois segundos no fundo de uma cena. Vice-prefeito de David Almeida, ele desenvolveu a habilidade sobrenatural de estar presente e ausente ao mesmo tempo – um verdadeiro paradoxo quântico.
Apesar de sua vasta experiência, seu nome raramente aparece nas especulações para 2026. É como ser o goleiro reserva de um time que nunca sofre gols – tecnicamente importante, mas praticamente dispensável.
"Alguém já verificou se Marcos Rotta realmente existe ou é apenas um holograma criado pela prefeitura?", questiona Sancho Gil. "Dizem que ele é tão discreto que até sua sombra precisa de GPS para encontrá-lo."
Em uma rara aparição pública, Rotta foi confundido com um segurança e impedido de entrar em um evento da própria prefeitura. Depois de 20 minutos tentando explicar que era o vice-prefeito, desistiu e assistiu ao discurso de David Almeida pelo celular, do estacionamento.
Fernanda Aryel, filha de David Almeida, é a celebridade instantânea da política amazonense. Presidente jovem do Avante, ela pulou etapas como quem usa escada rolante enquanto todos sobem pela escada normal.
Cotada como possível vice de Omar Aziz, ela enfrenta o desafio de provar que não é apenas "a filha do prefeito", mas uma líder por mérito próprio – algo tão difícil quanto explicar física quântica para um peixe-boi.
Durante um evento de lançamento de sua pré-candidatura a deputada federal, uma jornalista perguntou sobre sua experiência política. "Cresci ouvindo sobre política à mesa de jantar", respondeu, como se osmose política fosse uma disciplina reconhecida pelo MEC.
Sancho Gil não perdoa: "Fernanda Aryel é a única pré-candidata que coloca 'filha de prefeito' no currículo como qualificação profissional. Se política fosse série de Netflix, ela seria a personagem que todos apostam que vai morrer no primeiro episódio, mas acaba sobrevivendo até a última temporada."
E assim, o povo de Manaus assiste a esse espetáculo com uma mistura de diversão e desespero. Como diz o popular meme "tioadao": "Vixe, a coisa complicou para todos os lados... tá cada vez mais cômica, mas é melhor rir do que chorar!"
David Almeida segue como o Grande Mestre desse xadrez amazônico, movendo suas peças estrategicamente enquanto investe cada vez mais no mundo digital. Suas lives semanais "Conversando com o Prefeito" batem recordes de audiência, especialmente quando ele toca violão e canta músicas regionais – um talento que ninguém sabia que ele tinha até começar a campanha antecipada.
Omar Aziz ensaia passos de dança para tentar parecer descolado. Eduardo Braga continua em seu retiro espiritual, meditando sobre probabilidades eleitorais. Wilson Lima olha para o TCE como quem olha para uma boia salva-vidas em alto-mar. Coronel Menezes segue marchando, agora com uma playlist de forró no fone de ouvido. Sargento Salazar prepara seu próximo escândalo, talvez envolvendo um megafone e a estátua de um índio. Marcos Rotta continua invisível, mas agora com perfil verificado no Instagram. E Fernanda Aryel contrata um coach para ensinar "como parecer experiente em três passos fáceis".
Enquanto isso, nos bastidores desse circo amazônico, os verdadeiros donos do poder – empresários, lideranças comunitárias e influenciadores digitais – observam com atenção para decidir em qual cavalo apostar nesse turfe tropical.
Como diria Sancho Gil em sua sabedoria digital: "É um boi-bumbá onde todo mundo quer ser Cunhã-Poranga, mas muitos acabarão sendo apenas o rabo do boi." Por enquanto, é rir, compartilhar memes e torcer para que, no final dessa festa, sobre algo além da ressaca política para o povo amazonense.
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