Segundo a Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP), o daltonismo é uma alteração na percepção das cores causada por uma deficiência nas células nervosas dos olhos, responsáveis por captar a luz e identificar tons. A forma mais comum afeta a distinção entre vermelho e verde e está ligada ao cromossomo X, tornando a condição mais prevalente em homens. A deficiência pode apresentar variações, sendo leve, moderada ou severa. Além disso, algumas pessoas também têm dificuldade em diferenciar o azul e o amarelo.
De acordo com a organização ColorADD.Social, estima-se que cerca de 350 milhões de pessoas no mundo tenham algum grau de daltonismo. Apesar de comum, a condição pode passar despercebida na infância, pois muitas crianças não relatam dificuldades por não perceberem que enxergam as cores de maneira diferente.
Os primeiros indícios do daltonismo podem surgir entre dois e três anos de idade, quando a criança começa a aprender e nomear cores. De acordo com a oftalmopediatra Milena Barata, do Hospital de Olhos Santa Luzia, integrante da rede Vision One, pais e professores podem notar que a criança confunde tons ou nomeia cores incorretamente. “Por exemplo, ‘pegue aquele bloco de montar verde’ e a criança traz um vermelho. Em crianças que já frequentam escola, a queixa pode vir dos professores. É comum que seja percebido em atividades que envolvem pintura”, relata a médica.
Além de confundirem cores, a Dra. Milena explica que crianças daltônicas podem preferir objetos com alto contraste, como preto e branco, ou aqueles cuja forma auxilie na diferenciação das peças. Em atividades em que há a necessidade de seguir instruções de acordo com as cores, essa criança pode vir a apresentar sinais de frustração e irritação por não conseguir fazer a distinção.
Até que ponto a deficiência de cores interfere nas atividades escolares?
A identificação de cores faz parte da rotina escolar, o que pode representar desafios para crianças daltônicas na interpretação de mapas e gráficos, por exemplo. Segundo a oftalmologista, é importante que as escolas sigam algumas recomendações para incluir crianças com a condição: “Usar alto contraste, permitir a identificação das cores por meio de legendas em mapas e gráficos e evitar que a distinção de cores seja um critério de avaliação, entre outras adaptações possíveis”.
O daltonismo não é detectado em exames oftalmológicos comuns
Por não comprometer a acuidade visual, o daltonismo geralmente não é detectado em exames oftalmológicos de rotina. No entanto, há testes específicos, como o Teste de Ishihara, que utiliza pranchas com padrões de pontos coloridos para diagnosticar a deficiência. O Teste de Farnsworth-Munsell e o Anomaloscópio de Nagel são outros métodos utilizados para avaliar a percepção de cores.
Diante de qualquer suspeita, a Dra. Milena recomenda que os pais levem a criança ao oftalmopediatra o quanto antes para a realização dos testes necessários, de acordo com a idade. A partir dos resultados, o médico poderá explicar as opções de tratamento disponíveis.
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