Com o objetivo de ajudar as mães de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) a gerar uma fonte de renda, a Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental Almerindo Trindade, no bairro da Pedreira, criou oprojeto “Segurando a barra”, que promove oficinas de qualificação direcionadas para esse público-alvo.
A escola possui 25 crianças com TEA matriculadas e, no levantamento feito pela professora da Sala de Recursos Multifuncionais Nulcia Azevedo, foi constatado que 22 mães dessas crianças tiveram que largar suas fontes de renda para se dedicar exclusivamente à criação dos filhos. Daí vem o nome da iniciativa, “Segurando a barra”, que reflete as dificuldades que as responsáveis passam para garantir itens básicos, como alimentação, tratamentos médicos e fisioterapia.
Percebendo essa dificuldade financeira que se reflete na educação das crianças com autismo, a professora Nulcia colocou em prática o projeto com o apoio da escola e do Centro de Referência em Inclusão em Educação (Crie), daSecretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia (Semec).
“Tudo nasceu nas conversas que tivemos com as mães, quando quase 90% delas disseram que largaram o emprego para ficar em tempo integral nos cuidados com os filhos. Nós percebemos que essas mães possuem muitos saberes e muitas experiências na questão culinária e com comidas típicas. Isso levou a gente a fazer o projeto, que foi mandado para o Crie e aprovado”, explicou a professora Nulcia.
O projeto prevêoficinas em áreas como confeitaria, culinária e brindes. E visa também à criação de uma associação de mães atípicas para vender alimentos em feiras, eventos e outros locais, oferecendo uma nova oportunidade de inserção no mercado de trabalho e promovendo a autoestima dessas mulheres.
No dia 14 de março foi realizada a primeira oficina para dez mães, sobre ovos de Páscoa. O sucesso foi tão grande que as mães que ainda não haviam se inscrito procuraram a escola para pedir uma nova edição da oficina.
Para Ana Caroline Souza de Araújo Trindade, mãe de Pedro Arthur, de 7 anos, que tem TEA e está no 2º ano na Escola Almerindo Trindade, a oficina de produção de ovos de Páscoa foi a oportunidade de obter uma renda extra. “Antes de engravidar do meu filho, eu trabalhava. Quando ele nasceu, até tinha onde deixar ele, mas ele não se acostumava e nem se alimentava direito. Tive que largar o emprego”, lembra a mãe.
Ana Karoline está animada com o resultado da oficina. “Eu tinha muita vontade de aprender a fazer ovo de Páscoa. Já comprei umas forminhas para fazer em casa os chocolates e vou começar a vender na família mesmo”, afirmou.
A escola já está preparando mais três oficinas ainda para este semestre: uma de confecção de embalagens para os dias das mães, outra de comidas típicas da quadra junina e outra de sucos de frutas.
Com a ajuda do Crie,as oficinas também serão oferecidas para as mães de estudantes com autismo de todas as escolas do Distrito Administrativo da Sacramenta (Dasac).
Texto: Luís Miranda
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