Em novembro de 2019, Goreth Barbosa, 47 anos, que trabalha como Agente de Portaria do Hospital Municipal de Marabá (HMM), recebeu o diagnóstico de câncer de colo de útero. Foram dois anos sentindo dores, com sangramento nos meses anteriores ao diagnóstico e com resultados de exames que não mostravam o que ela tinha. A partir daí, iniciou uma luta em que sabia quem era o adversário.
Além dos sintomas citados, Goreth também sentia dores na parte inferior do abdômen e na coluna lombar. Ela não sabia, mas a doença estava em metástase, quando se espalha para outros órgãos.
“Eu não suspeitava porque eu fazia os exames anuais, PCCU, outros exames e até mesmo ressonância eu fiz. O que dava é que era problema de coluna. Aí, eu tomava aquelas medicações fortes, antibiótico, Tramal, e cheguei até na morfina”, relembra.
Ela descobriu a doença quando começou a sangrar com frequência. O fluxo se intensificava no período menstrual, chegando a ficar 15 dias sangrando. Nesse período, Goreth não conseguia subir para o segundo andar de sua casa e passou por um episódio de intenso sangramento no trabalho.
Foi quando ela passou por alguns especialistas como ginecologista. A médica tentou realizar alguns exames, mas não conseguiu por causa do fluxo. Vendo os exames anteriores e todos os sintomas relatados por Goreth, ela redigiu um relatório e a encaminhou para o Centro de Referência Integrada à Saúde da Mulher (Crismu).
No centro, realizou três biopsias. Foi apenas na terceira vez que ela recebeu o resultado atestando o câncer.
Como ela já havia conversado com um médico do HMM, assim que recebeu o resultado encaminhou para ele uma foto do resultado. Como ela estava de folga, ele pediu que Goreth fosse imediatamente ao hospital juntamente com o esposo.
“Quando eu cheguei lá, ele falou ‘Goreth, o que a gente temia aconteceu’. Como eu sou evangélica, fui buscar ajuda espiritual. Os irmãos me ajudaram em campanha de oração. Então, quando eu recebi aquela notícia, não me abalou tanto, acho que devido eu estar me preparando espiritualmente”, recorda.
Logo, Goreth foi encaminhada para o Tratamento Fora do Domicílio (TFD). Em quinze dias, foi chamada e começou sua jornada de idas e vindas à cidade de Tucuruí para realizar o tratamento.
Na primeira consulta com o oncologista, o profissional viu os exames e pediu que Goreth retornasse à Marabá para que um urologista desse um parecer favorável ao tratamento, o que aconteceu.
Quando ela retornou, começou o tratamento realizando seis sessões de quimioterapia, que aconteciam a cada 20 dias. Depois, fez radioterapia e braquioterapia, que é uma radioterapia interna voltada para uma parte específica do corpo, que foi realizada em Belém.
“E, para glória de Deus, eu recebi a minha cura através do tratamento. Primeiro lugar Deus porque se não fosse o Senhor, acho que hoje eu não estaria aqui. Na verdade, foi um milagre de Deus na minha vida porque o médico, depois que eu terminei todo o tratamento, falou para mim ‘Olha, Goreth, agradeça a Deus porque quando chegou aqui os seus rins estavam todos tomados’. Ele disse que todos os meus órgãos estavam tomados pela doença”, afirma.
Ela conta que foi bem recebida e que o trabalho realizado com ela foi excelente. Mas o tratamento não foi fácil.
Depois da primeira sessão de quimioterapia, pensou que não iria resistir. O tratamento a deixou debilitada. “A gente fica muito mal mesmo. A doutora falou assim para mim ‘Olha, Goreth, é um mal que vai te trazer um bem’. Assim, eu nunca esqueci dessa palavra dela”, conta.
“Depois que eu iniciei o tratamento, eu não senti mais nenhuma dor, eu não tomei mais nenhuma medicação para dor, foi só o tratamento”, reitera.
Goreth enfrentou ainda a pandemia de Covid-19 e perdeu o pai durante o período em que estava realizando a radioterapia.
Para enfrentar momentos tão difíceis, a rede de apoio foi importante. Além da família e outros parentes, os irmãos da igreja, colegas de trabalho e até pessoas que não conhecia a ajudaram de alguma maneira, sendo essenciais para que ela não desistisse diante de tantas adversidades.
Nessa época, começou a participar do Grupo Esperança, da Marabá Pioneira, que reúne mulheres que estão em tratamento contra o câncer ou que já passaram por ele. Goreth reforça a importância de participar do grupo e de todas as pessoas que, de alguma forma, cruzaram seu caminho durante o tratamento.
“Eu conheci algumas mulheres e elas me incentivaram a entrar nesse grupo. Quando eu entrei, o que eu estava precisando, eu estava desesperada naquele momento, que eu não sabia como fazer, eu ia até elas. E elas que já tinham passado, acalmaram meu coração através de uma palavra. Eu recebi muita ajuda. Foi Deus que colocou pessoas maravilhosas na minha vida”, comenta.
Após dois anos, Goreth recebeu alta. Estava curada. Atualmente, faz acompanhamento a cada seis meses.
Com a cura, aproveitou para realizar um culto de ação de graças em sua igreja para contar seu testemunho. Para uma plateia lotada, pôde compartilhar tudo o que passou, sempre ressaltando o papel de sua fé em Deus. Com o sentimento de gratidão, ela resume, em palavras, o que talvez seja inexplicável.
“Eu conto meu testemunho, eu já contei e continuo contando. Não canso de contar porque, para mim, é um milagre. Custou para descobrir, mas descobri, graças a Deus, a tempo. E fui lutar também para alcançar o meu milagre porque tem muitas pessoas que desistem. Porque a quimioterapia, às vezes, faz a pessoa desistir. É muito difícil. Você não tem vontade de comer. Você não tem vontade de beber nem água. É confiar no Senhor. Acreditar no seu milagre, perseverar, batalhar, não desistir”, ressalta.
A campanha Março Lilás reforça a prevenção e o combate ao câncer de colo de útero. Marabá possui uma rede de assistência à saúde da mulher, que inicia nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e tem no Crismu uma importante referência para atendimentos mais específicos.
A história de Goreth Barbosa mostra que a doença tem cura e que a prevenção e cuidado periódico com a saúde são imprescindíveis para garantir qualidade de vida às mulheres e o diagnóstico precoce da doença para realizar o devido tratamento.
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Sara Lopes
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